domingo, 23 de agosto de 2009

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Uma vez um menino estava revirando seus sentimentos dentro de seu coração, de repente ele se viu preso em seus próprios sentimentos. Viu-se totalmente perdido, sem uma válvula de escape desse mundo de sentimentalismo, viu apenas uma forma de se ver livre daquele lugar lúgubre. Essa chance, de partir dali, foi dada por um visitante (assim pareceu aquele menino). Ele, o visitante, disse ao garoto pra fazer-lhe cinco tarefas, pra poder se livrar desse mundo escuro, frio.
A primeira tarefa dada pelo tal visitante foi limpar todas as paixões passadas. O certo menino achou essa tarefa muito difícil. O visitante deu ao garoto um objeto (com a aparência de um espelho) para que lá fossem jogados os sentimentos, bons ou ruins, das paixões, junto com elas claro. Achando muito difícil se livrar dos sonhos, esperanças, dores, rancores (embora sentimentos ruins, mais que o ensinaram algo pra sua vida), ele foi se livrando um a um, cada paixão não correspondida, cada jura, cada “EU TE AMO” falsos, cada rosto dos amores passados. E a cada rosto depositado no tal “espelho”, vinha à memória desse garoto a historia que com aquele rosto tinha vivido, e a dor era inevitável, a dor era cortante assim como uma faca corta a carne de uma pessoa, a dor era esmagadora, parecia ao tal garoto, que a dor o iria esmagar. Por fim, depois de tanta dor, enfim, todos os amores (e sentimentos advindos desses amores) foram postos no espelho.
A segunda tarefa, dada ao garoto, foi curar as feridas advindas da primeira tarefa. Assim como na primeira, o tal visitante, que já nessa altura, era, para o menino, um condiscípulo, pois parecia ao garoto que o tal visitante, ao mesmo tempo em que parecia esta se divertindo, também estava tirando algo proveitoso daquelas situações, impostas ao garoto. O visitante deu ao garoto, um certo frasco, branco, com um líquido de cor âmbar. As instruções de uso aconselhavam quem usa o liquido, a beber só uma gota do tal liquido desconhecido. Quando, o garoto encostou o lábio na boca do frasco, e bebeu como dizia, uma única gota, ele sentiu toda a dor fugir dele, ele sentiu uma paz, foi o melhor remédio para as dores do coração dele. Porem depois de um minuto, pareceu ao menino uma fração de milésimo de segundo, o efeito passou, e logo ele se deparou, novamente, como suas dores. Ansioso para sentir novamente aquele prazer, bebeu novamente aquele liquido maravilhoso, desrespeitando totalmente os dizeres do frasco. Mais uma vez ele sentiu que todas as dores de seu corpo foram se dissipando, e novamente sentiu aquela paz, se sentiu tão bem que imaginou poder ir embora naquela hora, que nunca mais iria sentir dor, sofrer por amor. De repente, o efeito passou a dor, dessa vez, foi aterrorizante, muito maior que da primeira vez. O garoto se contorcia, seu corpo pegava fogo, por seus olhos passaram todo o sofrimento que ele já tinha passado experiências que preferiria esquecer, sua alma estava morrendo. Ele sabia que não iria sair dali vivo. De repente, a dor parou, o garoto ficou imóvel, como o rosto virado para o chão, seus olhos vidrados no nada, parecia que ele estava, meu Deus!!!!!! Morto. Mais o visitante abaixou-se perto da cabeça do garoto, e passou a mão na cabeça dele e, como se fosse magia, o menino se levantou, e o visitante disse “– você desrespeitou as regras do amor e sofreu as conseqüências. Espero que tenha aprendido. Vamos pra sua terceira tarefa”
E sem demora o menino, partiu para a terceira tarefa. Assim como na primeira e na segunda, o visitante, que nessas alturas, o garoto já o considerava, um grande amigo, mesmo não conhecendo o individuo, mais sabia que podia confiar nesse tal visitante, deu ao garoto um tipo de pote (esse pote parecia com o aspecto de algo frágil, mais era muito resistente) e algo com aspecto de um pincel (assim pareceu ao garoto). O garoto ficou perdido, sabia que deveria pintar algo, mais lhe faltava a tinta e não sabia onde pintar. Nessa hora, do nada, o visitante aparece e diz-lhe o seguinte “– deves pintar teu coração como o resto do liquido que sobrou.”. Nesse momento o garoto jogou o liquido dentro do “balde” e de uma cor âmbar virou uma cor viva alegre. E sem demora o garoto pegou o liquido e pintou todo o mundo soturno em que ele estava imerso. Passou-se ao garoto vários dias, noites (como ele sabia que era dia ou noite, se tudo era escuro?? Ele não sabe, só sabe que sabia quando era dia ou noite) ele cada vez mais feliz ao ver que aquele ambiente estava ficando mais alegre. Mais ele percebeu que em alguns pontos havia alguns furos, e desses saiam um liquido vermelho que parecia ao garoto, sangue. Quando o garoto encostou a mão em um desses buracos viu que sentia a dor, nele mesmo, e percebeu que aqueles buracos foram forjados na sua própria existência. Mais sem dar mais importância, continuou a pintar todo o ambiente, que agora estava mais iluminado e bem mais feliz. Terminado de pintar, olhou em volta, ele próprio ficou atordoado com o quão lindo era aquele lugar, era não, como tinha ficado depois de ser pintado com aquela tinta, que ate o momento ele não conseguia distinguir a cor, era as vezes, amarelo ouro, noutras uma cor verde, ainda em outras uma cor que deixava o tal garoto muito feliz, ainda por cima as cores exalavam cheiros diversos, que davam ao garoto todo deleite que ele podia ter.
O garoto sentou-se ali, no meio de todo aquele vasto mundo, e observou tudo ao seu redor, ele não queria mais sair Dalí, queria ficar ali, olhando absorto, para o filme de sua vida, queria reviver cada amor, cada paixão, cada sofrimento, mais não podia, já havia posto dentro daquele espelho. O desespero tomou conta dele, ele queria sentir aquelas dores, aqueles amores, por mais dor que o causasse, era parte da vida dele, ele não queria mais viver sem aqueles sentimentos. O menino GRITOU chamando o visitante, e como que instantaneamente o visitante apareceu. O garoto implorou pra que ele devolvesse seus sentimentos, suas magoas, seus amores, logo o visitante disse que era possível, mais que ele teria que viver naquele mundo. Parecia ao garoto pouco torturante viver ali, num mundo onde sua vida passava por seus olhos, num lugar onde a cor o alegrava, onde o amor não o atingiria (novos amores), o garoto disse ao visitante que queria viver lá, que não queria deixar aquele lugar, implorou ao visitante que devolvesse o espelho em que depositou todos os sentimentos. O visitante disse que isso poderia ser uma dor ao qual ele não poderia resistir, e o garoto insistiu: “- por favor, devolva, por favor, por favor, POR FAVOR.” do nada quando o garoto olha para traz lá esta o espelho. O visitante pediu para o menino quebrar o espelho, com os seguintes dizeres “devolva meus amores, meus sentimentos”, dito isso, como sempre o garoto foi lá e obedeceu ao visitante. Dizendo os dizeres que já fora instruído a dizer, o espelho ficou uma cor indecifrável, o garoto, por um momento, pareceu absorto, olhos vidrados como já ficaram entes. A dor que o garoto sentiu foi irreparável, o grito que ele soltou foi ensurdecedor, toda força que tinha dentro de si, foi canalizada para o grito, gritava, se contorcia, doía, mais uma vez pegava fogo, sangrava. Viu a tinta sumir das paredes, viu o lugar tornar-se lúgubre, soturno novamente, viu o rosto de seus amores surgirem das paredes, viu o sofrimento passado, voltar com mais força, viu o visitante ir embora, se viu sozinho, perdido, com medo, angustiado, só, simplesmente. Acompanhado apenas pelos rostos de seus algozes.
Ao garoto, pareceram séculos, milênios, anos-luzes o tempo que viveu com aquela dor. A dor parou. Ele se levantou, se sentiu enganado pelo visitante, pois não tinha o avisado do verdadeiro perigo que o garoto corria. Ainda faltava 2 provas, será que ele poderia fazer as duas e sair dalí????? Gritou, chamou pelo visitante, mais nada dele aparecer, chorou como nunca tinha havido chorado. O mundo em que ele estava, estava mudando, ele sabia. Estava escurecendo, estava ficando mais escuro, a claustrofobia era inevitável. O ar pesou sobre ele. O peito estava pesado. As pernas dele cansadas. O cérebro devagar. O frio tomando conta. Ele sentia. Ele sabia. Era. Só podia ser. Tinha que ser. Ele implorou pra que fosse. Ele queria. Ele precisava. Ele sabia que só assim seria feliz. Ele sabia que o que ela queria. Ela o queria. Fechou os olhos. Esperou. Com paciência. O coração acelerado. Batendo forte. O coração batendo na garganta. O medo. Ele nunca tinha imaginado esta ali. Ele queria que acabasse. E acabou. Foi-se. Tudo parou. Nada se mexia. Tudo ficou irritantemente calmo. Não havia medo. Dor. Calor. Frio. Amor. Ódio. Havia simplesmente. O Nada. Simplesmente não sentia mais nada.

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